sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Pedacinhos de Qualquer Coisa

A forma como a vida encontrou para ser eterna está presente em cada um de nós. Já dizia o Rei Leão, fazemos todos parte do grande Ciclo da Vida. Somos átomos que, juntos, formamos algo maior e, nos quais se pode achar uma infinidade de pedacinhos menores – que são os mesmos pedacinhos de qualquer coisa. Somos qualquer coisa, mas qualquer coisa tem suas particularidades. Tais particularidades só existem se vistas por dentro, como num microscópio, e passamos vidas procurando por lapidá-las.

Talvez seja praticamente impossível para a mente humana conceber algo além de si mesma. E, portanto, todos nós estamos em todos. Na sua mente cabem todas as criaturas que você conhece. Você criou todas elas. E todas elas lhe criaram. Cada ser existe em cada outro e o constitui. Quanto mais você entende a si - quanto mais caminha em sua mente rumo ao seu próprio entendimento - mais caminhos, que antes não existiam, passam a existir na sua cabeça para entender o outro. E isso é comunicação.

O outro foi por outros caminhos, mas o percurso é o mesmo. Ver a si por fora de tudo que foi criado pela sua própria mente sempre será uma tentativa. Ver o outro por fora de tudo que você criou em sua mente e por dentro de tudo que a mente do outro criou em seu percurso também será sempre uma tentativa. E palavras são construções individuais de cada mente durante seus caminhos. São tão individuais que são coletivas.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dirty Floor

De que forma estamos integrados ao Tudo? Poderíamos estar a ele fusionados, mas nos ‘separamos’ pensando? Até que ponto o pensar é realmente separado do Todo? O pensamento existe, então, de que forma sua fluida existência é integrada ao Todo? Como podem pensamentos e sensações serem desvios do meio, se o constituem? Do meio vêm, o meio são e para ele vão. O que é realmente ser vão e o que não é vão?

De que forma o arranjo de todas os entes materiais do Universo influencia no que te faz ser tu?

Se

Somos puro vácuo pontuado por partículas-onda que nunca se tocaram;

Tais partículas-onda, formadas por entidades ainda menores que se movem a velocidade da luz, são trocadas com o meio continuamente, pois não existe diferença entre nós e o que nos cerca;

Então,

    • O que é o Universo?

    • E em que sentido não somos universos?

O que não faz parte do universo, então, seria o pensamento, o qual nos leva a comunicarmos, mudarmos o estado de agregação de partículas, re-criar a realidade?

Ou será o pensamento a realidade em seu estado mais puro?

Qualquer pensamento que venha a existir foi tão convidado pela Existência para estar aqui como qualquer objeto material!

É, portanto, a realidade material um nível de realidade governado por abstrações intelectuais e emotivas, sendo recriada por tais constantemente! Somos, portanto, algumas das milhares máquinas transformadoras e geradoras de realidade!

Será?

Existem, realmente, níveis de Existência ou a Existência é uma só? E, se existem, como seria possível para nós dimensioná-los se não conseguimos fugir da malha intrincada de informações que nos constitui?

terça-feira, 22 de julho de 2008




e, no recanto livre perdido no espaço além das eras, a vida verde brota da chão em seu grito de emancipação.

- que mais quero do dia além de sol e água fresca? - disse a vida.
- que mais quero da noite além do luar?
- que mais quero do mundo além de estar aqui?
- que mais quero de ti senão o polinizar?

terça-feira, 15 de julho de 2008

Cérebro, linguagem e aprendizagem

É impressionante como nos é incutido desde cedo a impressão de que ‘já sabemos disso’ – que é quase um ‘já vivemos isso’.

É como se já tivéssemos vivido a Vida em vidas passadas e agora só ‘passamos adiante’. Falta o encantamento. Falta o descobrir. A cultura nos deu a linguagem e às vezes temos a falsa impressão de que a linguagem é suficiente para se atingir o pleno entendimento de algo. ‘Saber algo’ parece-nos fácil, armados de linguagem.

Separamos o pensar do sentir. Como pensar sem sentir? Quanto do entendimento pode ser atingido sem a impressão, sem a intuição? Como entender algo sem sentir que se pode entendê-lo?

Nossa consciência é como um iceberg que flutua pelo oceano de nosso cérebro, trocando energia e matéria com o resto, abrangendo cerca de 10% dele.

Uma parte dela é traduzida em linguagem.

E os outros 90%? O que nosso cérebro faz com eles?

Capta todas as informações advindas do meio - sente o mundo –, além de organizar e coordenar boa parte dos intrincados movimentos de nosso corpo a cada segundo ajudando a gerar a harmonia que nos constitui.

De que adianta então querer usar somente 10%? Quanto de qualquer informação se realmente apreende do meio sem usar o resto de sua mente?

E quanto à emoção bem particular de se apreender algo?

Cada fragmento de ‘realidade’ que aprendemos, devido à sua própria natureza em interação com a de cada um, tem a capacidade de gerar sentimentos únicos que constituem o processo de aprendizagem.

Uma vez convertida em sentimento, a informação, por vezes, pode ser re-traduzida em lógica lingüística - vestida em palavras - ou outros tipos de linguagem que se distanciam da lógica e buscam uma comunicação mais direta – de inconsciente para inconsciente - havendo, claro, níveis variados de perda de energia em cada conversão.

Usando-se, pois, a maior parte do cérebro possível, buscando-se a união do consciente e o inconsciente, talvez cheguemos mais perto da intangível realidade.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sobre a mente

É interessante pensar que já houve um dia algo; que não é tudo piração da tua cabeça - estranha entidade com a qual temos de lidar. É uma personagem dúbia a mente. Dá-nos o mundo mas só de forma parcial, distinta, estranha, única. Exerce um papel de placenta nos ligando ao mundo mas não é só uma 'coisa' que faz isso - tem uma personalidade! Portanto, temos de lidar com ela e com o mundo. E isso é interessante pois, às vezes, não vemos a fronteira entre a referida placenta e o mundo; outras vezes, a distância entre ambos é tão grande que nos deixa perplexos.
Então, algo um dia, e não só um dia, aconteceu.
Não foi mais real que o sonho que tive uma dessas noites. Hoje não.

sábado, 7 de junho de 2008

Cantos e Encantos

O andar sem destino
Leva ao si encontrar

É pleno o vôo
Sublime o voar
Entre cantos e encantos
Estará o sonhar
Que é leve e nos eleva
Nos embebe e nos testa
Ao eterno chegar

Numa noite sem brilho
O sol traz o luar
As estrelas
Iluminam os cometas
De luz própria e eterno voar

Através do infinito
Sentido não-dito
Quem sonha
Vislumbra o chegar

Já chegou?
Já cheguei!
Onde?
Nem sei...

Já estava lá...

Entre o céu e a terra
Entre o olho e o olhar

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ciclos

Peraê!

Realmente existe uma realidade!

Existe um complexo universo há bilhões de anos que se auto-regula sem início nem fim através de ciclos químicos infindáveis!

Existe a matéria infinita! Infinitas, infinitesimais formas de agregação! Infinitas formas de existir em infinitos tamanhos e escalas!

Nesse universo, existe um planeta além da imaginação onde, em determinado momento, surgiram condições que propiciaram que a matéria se organizasse de maneira a formar sistemas orgânicos que atingiram a vida eterna através de seus intermináveis ciclos. O ciclo de vida é a forma que a vida encontrou para ser eterna.

Cada elemento que existe na terra o faz de todas as formas possíveis em intermináveis, contínuos, inseparáveis, ciclos. E muitos deles passam por nós.

Cada um de nós realiza a eternidade em si.

Cada pedacinho (que contém vários pedacinhos menores) de nós sempre esteve, à sua forma que varia conforme o resto que lhe cerca, por aqui e sempre estará.

Cada um de nós é uma nova versão da vida eterna. É mais um tijolo na eterna estrada – uma cápsula de energia organizada auto-replicante e dotada da consciência de si.

O que fazemos perante a magnitude da Existência? Como existimos?

SOMOS O MEIO.

E de que forma vivenciamos o ciclo em nós? De que forma estamos em harmonia com o Tudo?

Perante a tal grandiosidade, o que fazemos?

Tolamente, destruímos o meio. Esfacelamos a harmonia. Criamos um mundo de calor excessivo compensado por aparelhos.

Tornamo-nos mais distantes para então construirmos aparelhos para encurtar, mediante o tijolo da comunicação capitalista, as distâncias e ilusões que criamos.

Tudo regulado por aparelhos segundo nossas ignorâncias individuais.

Não sabemos lidar com a Natureza, nem mesmo com a nossa natureza – com as nossas emoções. Pagamos a alguém para que nos explique logicamente os caminhos do sentir e os desígnios de nossas almas atormentadas.

Idolatramos artistas e intelectuais que entendam (e nos expliquem) o que sentimos e para que pensem por nós e não sejamos atormentados com a realidade e possamos seguir nossas vidas insignificantes e fora de contexto.

Isolamo-nos. Depreciamo-nos. Separamo-nos do que existe e criamos uma identidade falsa - nos separamos de nós.

Não sabemos quem somos.

Não sabemos o que é ser e estar.

Inventamos o ciclo do eterno consumir e vamos nos consumir até morrer.