quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sobre a mente

É interessante pensar que já houve um dia algo; que não é tudo piração da tua cabeça - estranha entidade com a qual temos de lidar. É uma personagem dúbia a mente. Dá-nos o mundo mas só de forma parcial, distinta, estranha, única. Exerce um papel de placenta nos ligando ao mundo mas não é só uma 'coisa' que faz isso - tem uma personalidade! Portanto, temos de lidar com ela e com o mundo. E isso é interessante pois, às vezes, não vemos a fronteira entre a referida placenta e o mundo; outras vezes, a distância entre ambos é tão grande que nos deixa perplexos.
Então, algo um dia, e não só um dia, aconteceu.
Não foi mais real que o sonho que tive uma dessas noites. Hoje não.

sábado, 7 de junho de 2008

Cantos e Encantos

O andar sem destino
Leva ao si encontrar

É pleno o vôo
Sublime o voar
Entre cantos e encantos
Estará o sonhar
Que é leve e nos eleva
Nos embebe e nos testa
Ao eterno chegar

Numa noite sem brilho
O sol traz o luar
As estrelas
Iluminam os cometas
De luz própria e eterno voar

Através do infinito
Sentido não-dito
Quem sonha
Vislumbra o chegar

Já chegou?
Já cheguei!
Onde?
Nem sei...

Já estava lá...

Entre o céu e a terra
Entre o olho e o olhar

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ciclos

Peraê!

Realmente existe uma realidade!

Existe um complexo universo há bilhões de anos que se auto-regula sem início nem fim através de ciclos químicos infindáveis!

Existe a matéria infinita! Infinitas, infinitesimais formas de agregação! Infinitas formas de existir em infinitos tamanhos e escalas!

Nesse universo, existe um planeta além da imaginação onde, em determinado momento, surgiram condições que propiciaram que a matéria se organizasse de maneira a formar sistemas orgânicos que atingiram a vida eterna através de seus intermináveis ciclos. O ciclo de vida é a forma que a vida encontrou para ser eterna.

Cada elemento que existe na terra o faz de todas as formas possíveis em intermináveis, contínuos, inseparáveis, ciclos. E muitos deles passam por nós.

Cada um de nós realiza a eternidade em si.

Cada pedacinho (que contém vários pedacinhos menores) de nós sempre esteve, à sua forma que varia conforme o resto que lhe cerca, por aqui e sempre estará.

Cada um de nós é uma nova versão da vida eterna. É mais um tijolo na eterna estrada – uma cápsula de energia organizada auto-replicante e dotada da consciência de si.

O que fazemos perante a magnitude da Existência? Como existimos?

SOMOS O MEIO.

E de que forma vivenciamos o ciclo em nós? De que forma estamos em harmonia com o Tudo?

Perante a tal grandiosidade, o que fazemos?

Tolamente, destruímos o meio. Esfacelamos a harmonia. Criamos um mundo de calor excessivo compensado por aparelhos.

Tornamo-nos mais distantes para então construirmos aparelhos para encurtar, mediante o tijolo da comunicação capitalista, as distâncias e ilusões que criamos.

Tudo regulado por aparelhos segundo nossas ignorâncias individuais.

Não sabemos lidar com a Natureza, nem mesmo com a nossa natureza – com as nossas emoções. Pagamos a alguém para que nos explique logicamente os caminhos do sentir e os desígnios de nossas almas atormentadas.

Idolatramos artistas e intelectuais que entendam (e nos expliquem) o que sentimos e para que pensem por nós e não sejamos atormentados com a realidade e possamos seguir nossas vidas insignificantes e fora de contexto.

Isolamo-nos. Depreciamo-nos. Separamo-nos do que existe e criamos uma identidade falsa - nos separamos de nós.

Não sabemos quem somos.

Não sabemos o que é ser e estar.

Inventamos o ciclo do eterno consumir e vamos nos consumir até morrer.