terça-feira, 15 de julho de 2008

Cérebro, linguagem e aprendizagem

É impressionante como nos é incutido desde cedo a impressão de que ‘já sabemos disso’ – que é quase um ‘já vivemos isso’.

É como se já tivéssemos vivido a Vida em vidas passadas e agora só ‘passamos adiante’. Falta o encantamento. Falta o descobrir. A cultura nos deu a linguagem e às vezes temos a falsa impressão de que a linguagem é suficiente para se atingir o pleno entendimento de algo. ‘Saber algo’ parece-nos fácil, armados de linguagem.

Separamos o pensar do sentir. Como pensar sem sentir? Quanto do entendimento pode ser atingido sem a impressão, sem a intuição? Como entender algo sem sentir que se pode entendê-lo?

Nossa consciência é como um iceberg que flutua pelo oceano de nosso cérebro, trocando energia e matéria com o resto, abrangendo cerca de 10% dele.

Uma parte dela é traduzida em linguagem.

E os outros 90%? O que nosso cérebro faz com eles?

Capta todas as informações advindas do meio - sente o mundo –, além de organizar e coordenar boa parte dos intrincados movimentos de nosso corpo a cada segundo ajudando a gerar a harmonia que nos constitui.

De que adianta então querer usar somente 10%? Quanto de qualquer informação se realmente apreende do meio sem usar o resto de sua mente?

E quanto à emoção bem particular de se apreender algo?

Cada fragmento de ‘realidade’ que aprendemos, devido à sua própria natureza em interação com a de cada um, tem a capacidade de gerar sentimentos únicos que constituem o processo de aprendizagem.

Uma vez convertida em sentimento, a informação, por vezes, pode ser re-traduzida em lógica lingüística - vestida em palavras - ou outros tipos de linguagem que se distanciam da lógica e buscam uma comunicação mais direta – de inconsciente para inconsciente - havendo, claro, níveis variados de perda de energia em cada conversão.

Usando-se, pois, a maior parte do cérebro possível, buscando-se a união do consciente e o inconsciente, talvez cheguemos mais perto da intangível realidade.

3 comentários:

Lívia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Otalibas disse...

pertinente
ressaltar a impossibilidade de codificar sentimentos e pensamentos
em linguagem
as palavras sao codigos muitos complexos
carregados de fardos culturais...a semantica é muito intrigante e vemos varias falhas ao longo da historia do homem ja que a semantica alem de tudo representa a etmologia da palavra no momento em que foi gerada e dificilmente se altera...pois a palavra carrega toda a bagagem historica na suas costas a palavra nao se altera mas o meio sim..entao temos palavras fadadas ao desuso e outras que simplesmente ´perdem referencia e significancia no cenario atual...
um exemplo chulo seria "rapariga" aqui é uma coisa em portugal é moça
leve este exemplo pra mais diversas areas e verá casos semelhantes...de palavras que perdem seu significado como origem e recebe uma carga cultural que as carrega de outro significando adjunto
onde tento chegar é que...sim existe uma grande falha na comunicacao atraves da linguagem...
mas se unirmos as ferramentas da linguagem somando-as a nossa energia no momento em que as expressamos temos a capacidade de diminuir a margem de erro mas nao de erradica-la por isso que a melhor comunicacao vem do sentir e do olhar ... quando apenas ao olhar naquela pessoa voce ja compreende tudo nao precisa verbalizar algo..que ja esta nas entrelinhas
assim voce se comunica de forma mais efetiva...tambem vejo que para se comunicar com o externo primeiro temos de sintonizar o interno...so com um entedimento interior profundo saberemos realmente o que queremos expressar...quando e com qual forma e emoçao...

Clarisse disse...

já leu manoel de barros?
a poesia dele é orgânica,
belíssima.

"entender é parede,
procure ser árvore."